27 de agosto de 2012

Sobre crescer e suas dificuldades.




Eu nasci e fui criada numa bolha de vidro. Isso foi uma das melhores coisas que meus pais poderiam me proporcionar. Viver sob total proteção, podendo andar livremente de bicleta sem rodinha, sabendo que se me desiquilibrasse, eles estariam cada um de um lado pra me segurar, me transmitiu uma imagem doce e fácil do mundo. Eis que chegou a prática, eis que começaram a surgir os dias em que eu tive que lidar com o mundo fora dessa bolha, e não sabia que estava fora dela. Vieram algumas pancadas, e banhos de águas frias os quais os vidros não puderam me proteger e eu finalmente percebi: o mundo não enxergava aquela bolha, só eles, e eu.

Crescer parece ser uma etapa natural da vida de um ser humano, o que de fato é, a não ser quando se existe uma resistência para tal fato. É difícil (embora alguns deles não assumam) para alguns pais, lidar com seus filhos dando seus próprios passos, formando suas novas vidas, mesmo que sejam passos positivos e proporcionem alegria.

Entender que com o passar do tempo, a dependência dos seus eternos pequenos, diminui, é um momento que fica preso na garganta de muitos pais. Entender que alguns caminhos da vida só tem espaço para apenas 1 pessoa caminhar, necessita de uma extrema e extraordinária coragem por parte das outras 2 pessoas envolvidas.
Enganam-se eles, se pensam que gostamos disso. Não, não gostamos. Eu particularmente não gosto.

Crescer dói.


Dói não pela questão de quantas vezes se sopra num bolo, não porque os ossos estão esticando, não, não se trata disso. Crescer dói, porque não vem com a idade, o crescer vem com a vida. Afinal, já vi crianças de 40 e poucos anos que sequer conseguem se desculpar por um erro e adultos de 15 que conseguem pensar antes de falar.

Crescer dói, principalmente pra quem sente a dor dos outros, e principalmente quando esses outros se tratam das pessoas que mais amamos no mundo: nossos pais. Dói, porque assim como é difícil pra eles aceitarem que teremos que dar nossos próprios passos sozinhos, pra nós é muito mais, pois esses passos serão nossos, e qualquer pisada em falso, pode ser fatal.

O procedimento de crescer é semelhante ao sofrimento do amor: dói, mas depois que passa, faz um bem danado.
O que se pode entender, é que é preciso confiança. Confiança no que foi construído, no que foi ensinado, confiança no caráter que se desenvolveu.

Crescer não se trata apenas de fazer aniversário de 15, 18, 50 ou 100 anos. Crescer é um ato que se faz todos os dias, nos grandes, mas principalmente e essencialmente nos pequenos gestos, porque estes sim, mostram quem somos nós.


Moral da História: Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.