27 de janeiro de 2013

Sem Título.

Sonhos que viraram fumaça. Sonhos queimados e destruídos. Sonhos de tantos anos, reduzido à labaredas em um piscar de olhos. Tantas vidas perdidas ali, naquela ladeira, em Santa Maria. O Sul ficou está em silêncio, o Brasil, o mundo. No mapa do Brasil, o sul é a boca, o sorriso, mas se o sorriso desmanchou, os olhos em cima, se entristecem e choram.

As chamas não perdoaram, as chamas não se importaram com os planos pro futuro, as chamas tampouco se preocuparam com as mães que esperavam ouvir o barulho da porta na manhã seguinte. O fogo incessável chegou sem pedir licença, e mais revolto que o mar, fez com que os desejos virassem pó.

Ninguém sabia, sequer poderia imaginar, aliás, quem poderia?
Quem diria que seria o último sábado? A última festa? O último show?
O último gole na bebida? Que mãe imaginaria que aquele seria o último adeus?
Que aquele filho que saiu por aquela porta para comemorar, jamais voltaria para o almoço em família no domingo?
Que amiga imaginaria que aquela seria a última ligação? Que não haveriam fotos com boas recordações?


As chamas foram apagadas, mas a dor jamais será.

Os corpos estendidos, promessas de um futuro canceladas.
Corações destruídos, despedaços, batendo sem vida. Dor.


As mortes vão muito além do que estavam no lugar errado, na hora errada.
A morte faz parte de cada um que atendeu o telefone, que ligou a televisão.

A morte está presente em que se foi, mas em quem fica também.