22 de julho de 2015

É preciso seguir. Enfrente!



Estava conversando com uma amiga sobre relacionamentos. Depois de alguns anos de namoro, ela me confessou que não se sente mais feliz e tampouco sente o mesmo amor, mas sofre daquele mal terrível que todos nós já sofremos em algum momento da nossa vida: o medo de tomar jogar tudo pro alto e se arrepender.
Quem nunca viveu esse impasse que atire a primeira pedra. Quem nunca teve medo de trocar o certo pelo duvidoso? Mas a primeira pergunta que eu faço é: o que é realmente certo? O que é realmente duvidoso?

Terminar um relacionamento não é das tarefas mais fáceis da vida. Ninguém se encanta, se apaixona e decide dividir sua vida com alguém, almejando por um ponto final nesse conto de fadas mais cedo ou mais tarde. Todos queremos ser amados e amar como se a vida fosse aquele filme de romance em que o casal fica se sujando de sorvete na praça e depois se joga na grama. Mas esse fim acontece e precisamos aprender a lidar com ele.
Fomos criados pela teoria de que precisamos ser completados e preenchidos por alguém. Ouvimos desde sempre a expressão "cara-metade" e só através do tempo e das experiências que nós aprendemos que devemos ser uma cara inteira. Quando se tem 30 anos, a grande maioria das pessoas esperam que você tenha uma carreira sólida, mas principalmente um bom marido e pelo menos 2 filhos lindos. É com base nessa cobrança que existe desde sempre, que nos apegamos a ideia de que ficarmos sozinhos é o fim do mundo.

Nessa mesma conversa, ela me disse que vem sentindo uma vontade cada vez maior de ser livre, de viver novas experiências, mas que não saberia como lidar ao ver o parceiro com outra. Não tem segurança se vai conseguir desacostumar com presença dele. Bingo! Foi aí que ela chegou onde eu queria.
Não existe nada pior e mais egoísta do que estar com alguém por comodidade. Sabe aquele brinquedo que você gostava muito, e hoje em dia não brinca mais, mas que você não empresta de jeito nenhum? É mais ou menos por aí.

Estar com alguém porque você simplesmente acostumou a fazer tudo com essa pessoa e acha que não é capaz de andar com as próprias pernas não é amor, é dependência. Estar com alguém porque tem medo de ficar sozinha (o) não é amor, é fragilidade. Estar com alguém porque acha que nunca mais vai amar alguém de novo, é se limitar.
Isso se intensifica mil vezes quando quem não se sente mais amado, respeitado e cuidado, é você. Em um relacionamento sólido não existe nada pior do que não se sentir importante para o outro. Perceber que o que você pensa, planeja e sente já não tem mais a mesma relevância. Quando a atenção e o carinho precisam ser cobrados, ou na pior das hipóteses, até mesmo a presença.

É preciso que sejamos honesto com o outro e acima de tudo, honestos  com nós mesmos. É preciso respeitar o sentimento alheio, e muito mais os nossos. Jogar tudo pro alto pode fazer você se arrepender durante alguns meses nos seus 20 e poucos anos de vida. Existir (o que é bem diferente de viver) num relacionamento que não te faz feliz pode fazer você se arrepender pelo resto da sua vida. Precisamos ser menos covardes e mimados, e aceitarmos que a vida nem sempre é como nós desejamos que ela seja. Que as vezes os créditos do seu filme de romance vão começar a rolar na tela. Que você precisará ter coragem para mais cedo ou mais tarde, alugar um novo filme, e acima de qualquer coisa, que você tem pleno direito de desligar o DVD se quiser.
É preciso ter a audácia de se arrepender pela certeza do que se arrepender da dúvida.
Para dar um passo adiante, muitas vezes precisamos deixar muito para trás, inclusive nós mesmos, quem fomos, o que acreditamos e o que desejamos. Estamos em constante transformação e lembre-se: nada é, tudo está.
Tudo acontece exatamente por uma razão! Talvez ele seja o homem da vida dela, assim como aquele cara que você pensou enquanto lia esse texto seja o seu, e que ambos precisam passar por algumas experiências fundamentais para estarem preparados. Talvez ele seja justamente a experiência fundamental que você precisa viver antes de encontrar o homem da sua vida, mas enquanto nenhuma das duas perguntas é efetivamente respondida, se eu pudesse dar um conselho a ela e a todas as pessoas que se encontram numa situação semelhante, eu diria: não tenha medo de errar. Tenha medo de não ser feliz. As circunstâncias e mudanças da vida nos obrigam a riscar alguns velhos planos e exigem que escrevamos outros em um novo pedaço de papel. Vai ser sempre assim. Você vai rir, vai chorar, vai doer, vai amar, mas pra descobrir o resultado disso tudo, não tenha medo de seguir, enfrente!

Existe possibilidades incríveis lá fora.